Pois no terceiro capítulo ele diz:
Pois, que é Apolo, e que é Paulo, senão ministros pelos quais crestes, e isso conforme o que o Senhor concedeu a cada um? Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. De modo que, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. - I Coríntios 3.5-7Aí Paulo dá a entender que os resultados de seu ministério eram inteiramente dependentes de Deus. Ele excluí o seu próprio trabalho de ser a causa do crescimento, mas atribui o crescimento inteiramente a Deus.
Por outro lado, no nono capítulo da mesma carta ele diz:
"Pois, sendo livre de todos, fiz-me servo de todos para ganhar o maior número possível. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns".- I Coríntios 9.19-22Como nós já vimos, no contexto deste capítulo, Paulo vinha argumentando que ele abria mão de seu direito de ser sustentado econômicamente em seu ministério para que ninguém falasse que ele tinha segundas intenções como pregador do evangelho. Da mesma forma, Paulo vai argumentando que em todas as ocasiões, ele abria mão de suas liberdades nas situações em que o uso de suas liberdade viesse a fazer os outros pensar algo de errado dele, condenando-o por algo que ele não era:
"Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a ser reprovado".-I Coríntios 9.27Mas aí está o paradoxo. Se "nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento" por qual motivo ele diz que "sendo livre de todos, fiz-me servo de todos para ganhar o maior número possível"? Isso não dá a entender que o seu procedimento em relação a todos seria um fator determinante para a salvação deles de forma que isso não era algo exclusivamente dependente de Deus?
Esse paradoxo é resolvido se entendermos a verdadeira natureza dos galardões, tanto no capítulo três quanto no capítulo nove. O galardão no texto, como já vimos é a conversão daqueles que ele se propunha a evangelizar em seu ministério. É por isso que ele diz:
"Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho! Se, pois, o faço de boa vontade, tenho galardão; mas, se não é de boa vontade, estou apenas incumbido de uma mordomia". - I Coríntios 9.16-17O motivo pelo qual ele chama os convertidos de galardão é exatamente porque a conversão deles não era causada diretamente pela diligência dele em seu ministério, abrindo mão de seus direitos, de suas liberdades, fazendo-se servo de todos. Não era causada diretamente por isso, pois "nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento". O êxito em seu ministério não era causado diretamente por sua perseverança, mas era dado como um prêmio por Deus. É por isso que ele diz: "veja cada um COMO edifica sobre ele". (I Co 3.10) Ele avisa isso pois, "se, pois, o faço de boa vontade, tenho galardão" (I Co 9.17) Aqueles que edificavam com boa vontade veria o êxito do seu trabalho como o ouro sendo colocado no templo. Aqueles que edificavam com má vontade, não veriam o ouro sendo produzido pelo seu ministério, mas veriam "madeira, feno e palha".
O que Paulo está dizendo aqui é que aqueles ministros que forem fiéis em seu ministério, verão o sucesso espiritual do seu ministério, não porque eles, em si mesmo sejam alguma coisa, mas porque Deus os recompensará assim. Por outro lado, aqueles ministros que deixarem a desejar, verão o fracasso do seu ministério, como um fogo provando a obra de cada um se é de pedra preciosa sendo refinada ou se é de palha sendo queimada.
É por isso que ele diz:
"Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo". - I Coríntios 3.15O fogo aqui são os fogos das tribulações que revelará o fracasso do ministério, feito com má vontade e por isso produzindo não pedras preciosas na Igreja de Deus, mas simplesmente colocando lá aqueles que não deveriam estar lá.
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