O que os cristãos precisam entender claramente é que para acreditar que a salvação é oferecida a todas as pessoas individualmente, é preciso também que a pessoa:
- Que a pessoa seja ignorante sobre os limites geográficos do cristianismo na história.
- Que a pessoa na verdade não acredite que a fé em Jesus Cristo seja o único meio de salvação, mas acredita que as pessoas possam ser salvas por outros meios.
- Que a pessoa acredite que é possível alcançar a salvação depois da morte, caso não tenha sido alcançada ainda em vida.
- Que a pessoa seja ignorante sobre os limites geográficos do cristianismo na história.
Se Cristo é o único meio de salvação, segue-se que aqueles indivíduos que nunca foram evangelizados, nunca receberam oferta de salvação e por esse motivo não podemos afirmar que salvação é oferecido a todos os indivíduos como afirmam os arminianos.
O continente americano, por exemplo, foi descoberto por Cristóvão Colombus no final do século 15. Os habitantes do Continente Americano eram pagãos, adoradores de diversos deuses, idolatrando como deuses o sol, a lua, as estrelas, entre outros deuses. O meio pelo qual eles poderiam ser salvos era o evangelho de Jesus. O evangelho, todavia, não foi anunciado a eles por diversos séculos (a não ser, talvez, por alguma exceção de intervenção divina milagrosa da qual não temos informação). Os habitantes do nosso continente eram pagãos que nasceram e morreram sendo ensinados somente sobre seus próprios deuses pagãos, sem que nenhum evangelista ou missionário pregasse que eles deveriam se converter e crer no evangelho como Paulo fez com os atenienses pagãos no primeiro século ou como Jonas fez antes de Paulo com os ninivitas. Se você acha que é algo comum na sua cidade ter mais de dez igrejas cristãs, saiba que isso só é verdade porque você nasceu na época em que você nasceu. Se você tivesse nascido no mesmo lugar há 500, 600, ou 800 anos atrás, por exemplo, isso certamente não seria verdade. Ter conhecimento do Deus verdadeiro é um privilégio e não algo comum. Deixemos então de chamar de comum aquilo que é a Providência de Deus que fez por nós.
- Que a pessoa na verdade não acredite que o evangelho de Jesus Cristo seja o único meio de salvação, mas acredita que as pessoas possam ser salvas por outros meios.
Esse argumento se baseia parcialmente na falsa pressuposição de que Jesus Cristo é um Deus diferente do Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Isso, como eu já mostrei, não é verdade. É basicamente o mesmo que os judeus inimigos de Jesus não entenderam. “Não tens nem cinqüenta anos e vistes Abraão? E disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, EU SOU”. (João 8.58) O erro dos judeus inimigos do evangelho era o de não compreender que o Cristo que estava diante de seus olhos não era nada menos que a encarnação do grande Deus Eu sou (que é o significado da palavra Jeová). Abraão foi salvo, não por “outra maneira”, mas pela única maneira que jamais existiu. Como está escrito: “O evangelho foi pregado a Abraão”. (Gálatas 3.8) Quando o Novo Testamento fala de Jesus, que “nenhum outro nome há que pelo qual possamos ser salvos”, ele só está repetindo aquilo que já havia sido dito anteriormente, “Eu sou Jeová. Fora de mim não há Salvador”. (Isaías 43.11) Quando nós lemos o Antigo Testamento se referindo à Deus, não devemos entender que a referência seja unicamente à pessoa do Pai e que a obra do Filho só tem inicio a partir do Novo Testamento. Em Isaías 6.1-3, por exemplo, nós podemos ler: “No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voavam. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo é Jeová dos Exércitos; toda a terra está cheia de sua glória”. O apóstolo, João, consciente da Divindade de Jesus Cristo, citou esse capítulo de Isaías, afirmando que Isaías estava se referindo a Jesus Cristo quando escreveu isso: “Isaías viu a glória dele e falou a seu respeito”. (Isaías 6.41) João aplicou isso a pessoa de Jesus Cristo porque ele sabia que Jesus Cristo não era um mero homem. Jesus Cristo é simultaneamente homem e Deus e por esse motivo ele é chamado de Filho de Deus e Filho do Homem. Não há diferença alguma na mensagem do Antigo Testamento de que Jeová é o único Salvador com a mensagem do Novo Testamento de que Jesus Cristo é o único Salvador. A mudança que ocorre entre o Antigo Testamento não é que o Novo Testamento introduz uma maneira diferente de ser salva. A mudança é que anteriormente Jesus Cristo ainda não havia encarnado. Mas o Salvador é o mesmo, e a esperança da salvação é depositada no mesmo. O meio de salvação não mudou. “Ele mostra a sua Palavra a Jacó, seus estatutos e juízos a Israel. Não fez assim com nenhuma outra nação”. (Isaías 147.19) O Apocalipse nos mostra essa Palavra de Deus: “Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro... Está vestido com um manto tinto de sangue e o seu nome se chama é Palavra de Deus... Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES”. (Apocalipse 19.11,13,16)
Outro argumento que costuma ser utilizado a favor de “outras maneiras” de ser salvo que não seja a fé em Jesus Cristo é baseado no que diz em Romanos sobre “as obras da lei gravada em seu coração”:
O objetivo de Romanos 2.14-16 não é afirmar que as pessoas podem ser salvas “pelas obras da lei gravada em seus corações”. Se Romanos 2.14-16 afirmasse que as pessoas podem ser salvas pelas obras da Lei gravada em seus corações, estaria entrando em contradição com o resto da carta e com o resto da Bíblia. Logo no capítulo seguinte, Paulo escreve: "pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante dele" (Romanos 3.20) O objetivo de Romanos 2.14-16 é simplesmente falar que os homens, têm em si mesmo, uma noção daquilo que a Lei de Deus diz, independente de quem sejam. Todavia, existe um grande abismo entre afirmar que as pessoas têm a consciência, em si mesmos, de certo e errado, de moral e imoral. O objetivo de Paulo até a primeira metade do terceiro capítulo é concluir aquilo que ele conclui em Romanos 3.9: “Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que tanto judeus como gentios, todos estão de baixo do pecado”. Do primeiro capítulo até a metade do segundo ele demonstra que os gentios estão de baixo do pecado. A partir daí ele demonstra que o judeu também está. É aí que ele chega na sua conclusão: “Pelas obras da lei (e aqui está evidentemente incluído aquelas que foram citadas em Romanos 2.14-16) nenhuma carne será justificada diante dele, pois pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”. (Romanos 3.20) O que Romanos 2.14-16 afirma não é que as pessoas podem ser justificadas diante de Deus através do cumprimento das obras da lei gravada no coração. O que Romanos 2.14-16 afirma é exatamente o contrário. É que as pessoas serão condenadas, não por aquilo que elas não sabiam, mas por aquilo que elas sabiam no íntimo da consciência. A “lei gravada no coração” é somente a continuação do que ele começou a falar no capítulo primeiro, de que os gentios “tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus”. (Romanos 1.21) Pelas obras da lei (gravada em seus corações) nenhuma carne será justificada diante dele justamente porque Deus há de “julgar os segredos dos homens por Jesus Cristo” (Romanos 2.16)
“Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada em seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se; no dia em que Deus, por meio de Jesus Cristo, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho”. (Romanos 2.14-16)
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